[RESUMO] A indicação de Elon Musk3l jogo， a despeito de inúmeros conflitos de interesse， a novo órgão que deve reorganizar o governo dos EUA representa um risco geopolítico e pode impulsionar o capitalismo de compadrio no país， defende autor. A desregulamentação no governo Trump ataca valores liberais e republicanos. O tema nos remete também à necessidade de debater no Brasil uma reforma da administração pública centrada na melhoria dos serviços prestados à população e na defesa dos interesses da sociedade.
Oferta por tempo limitado | Oferta de Natal ZA9BETO meme surgiu no ano passado e já é um clássico. Revoltada com a fila do programa da Xuxa， uma menina com lacinho amarelo no cabelo pega o microfone e solta os cachorros: "Que xou da Xuxa é esse?!". Indignação semelhante vive hoje quem acompanha a indicação de Elon Musk ao Doge (Departamento de Eficiência Governamental) de Donald Trump.
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Que mundo é esse em que um centibilionário que se comporta cada vez mais como um oligarca recebe o mandato de reorganizar o governo， apesar de inúmeros conflitos de interesse? Nos Estados Unidos， bem como no Brasil， é necessário avançar na agenda de transformação do Estado， tornando-o cada vez mais efetivo， atrativo e， sim， mais eficiente. Musk não é a pessoa para fazê-lo.
Donald Trump (esq.) e Elon Musk assistem a luta de UFC no Madison Square Garden， em Nova York
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Kena Betancur - 16.nov.24/AFP
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Deu no Washington Post que empreitadas semelhantes， quando encabeçadas por neófitos em administração pública， têm um longo e inócuo histórico. Francisco Gaetani escreveu sobre esforços que deixaram legados importantes quando realizados com boa-fé pública. Não é o caso aqui. Francis Fukuyama comparou Musk a Silvio Berlusconi em sua estratégia de expandir seus negócios através da política.
Devemos ir além e entender Musk como um risco geopolítico: redesenhando e se enredando no complexo industrial-militar， suas empresas e seus amigos terão mais contatos —e contratos— com o Estado， configurando o que se chama de capitalismo de compadrio. Isso é péssimo para a eficiência e a liberdade econômica e perigoso em meio a guerras， dada a impulsividade， a ganância e a sem-vergonhice de Trump e Musk.
De largada， o "xou do Musk" parte de premissas erradas. A principal delas é que a economia estadunidense vai mal e que isso se deve， em parte， à regulamentação excessiva. Em artigo no Wall Street Journal， Musk e Vivek Ramaswamy， os dois líderes do Doge， descrevem a "burocracia entrincheirada" nos EUA como "uma ameaça existencial à República".
Na verdade， desde o fim da pandemia de Covid-19， a economia estadunidense abriu uma nova dianteira sobre o mundo. A China passou a crescer menos e já se aventa um "mundo pós-China" —sem sua suposta futura dominação sobre a economia global.
jogo do tigreOs EUA são atualmente o país desenvolvido com o maior crescimento de seu mercado interno. Nisso， é essencial registrar o ótimo trabalho do Banco Central dos EUA que， sem gerar recessão —leia-se， desemprego— controlou a inflação. Inflação que， no acumulado dos últimos três anos， assustou o eleitorado e ajudou a eleger Trump.
Ao contrário da fixação infantil (e lucrativa para Musk) de pousar em Marte3l jogo， o que garantiria mais crescimento e mais empregos nos EUA seria continuar investindo na transição energética. Além de esse ser o caminho para evitar a verdadeira ameaça existencial atual， a crise climática.